Acabei de chegar a Londres de mais duas récitas do Romeu e Julieta, desta vez em Bampton, em Oxfordshire. O local é perfeito: ao ar livre, num lindo jardim de uma grande mansão. O palco sobre o verde da relva e os arbustos a acrescentar à beleza do cenário. O ensaio geral correu bem e foi interessante verificar que até é fácil cantar ao ar livre, algo que nunca tinha feito antes a solo. O mais complicado é fazermos de mortos quando mosquitos e sei lá que outros insectos se passeiam pela nossa cara!
O dia da primeira récita foi o dia do dilúvio. Resultado: o espectáculo passa a ser na igreja. Encontramo-nos todos de manhã para ter uma ideia do espaço. Vá lá que a igreja é lindíssima e tem luzes em vários sítios, podendo-se acender umas e desligar outras, para diferentes efeitos. Uma hora antes do espectáculo, a estação eléctrica explode com fogo de artifício. Bom, ópera à luz de velas numa igreja não me parece muito mau - até é bastante atmosférico. O problema é a orquestra: não só não há luz suficiente para os instrumentistas lerem as partituras como estão no meio do trânsito que se formou devido à inundação e encerramento de várias estradas. Manda-se a orquestra para trás e lá vai o coitado do Matt, o nosso maestro, tocar a ópera inteira ao piano sem ter-se preparado. A chuva não pára e uma audiência que devia rondar os 300, não passa dos 40!
A segunda récita teve um contexto ligeiramente mais favorável: tivemos mais público e as luzes da igreja voltaram umas horas antes. Infelizmente, grande parte da orquestra, mais uma vez, não conseguiu entrar em Bampton, talvez por falta de barcos?
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